Tempra na Europa
Tempra em italiano significa “Têmpera”, isto é, aquele que tem temperamento forte, aludindo à esportividade do Sedan.
O Fiat Tipo Tre, “Tipo 3″, foi o projeto inicial do Fiat Tempra, a ser lançado primeiramente na Europa, em 1990. O Tempra Europeu era um carro de aparência muito similar à do Brasileiro, com seu design moderno e linhas altas, mas de categoria inferior. Na Europa, quem ocupava a mesma categoria do Tempra era na verdade o Fiat Croma, enquanto o Tempra substituiria o Regata. O Tempra europeu possuía motorizações mais tímidas, de 1.4 a 1.9, inclusive versões à Diesel, interior mais simples, banco traseiro rebatível, piscas nas laterais, tampa traseira diferente e também opção por limpador traseiro e lavador de faróis, mesmo sendo Sedan. Ainda que houvesse o painel digital, isso não era suficiente para o Tempra europeu ser um carro de luxo como o Tempra tupiniquim.
Tempra no Brasil
O Tempra Brasileiro teve profundas diferenças em relação ao Europeu. Aqui no Brasil, chegando no fim de 1991, o Tempra veio inicialmente com pretensões de ser um pouco mais luxuoso do que o Fiat Tempra europeu, mas inferior ao Croma. Ele teve sua suspensão modificada adequando-se ao solo brasileiro, compartilhando peças com a suspensão da Alfa Romeo 164 e também um motor mais potente, derivado do Fiat Twim Cam, já premiado e conceituadíssimo na Europa, criado por Aurélio Lampredi, engenheiro da Ferrari. Este motor já havia sido usado em outros muitos automóveis da Lancia e Alfa Romeo, tendo sido campeão por 17 vezes do Rally WRC, provando sua confiabilidade. Este motor, com uma imagem imaculada lá fora, é considerado até hoje como um dos motores mais confiáveis que já existiram, especialmente pelo seu potencial de suportar altas rotações. Entretanto, aqui no Brasil, seu respeito foi maculado por mecânicos desinformados que não estavam preparados para trabalhar com motores que utilizavam duplo comando de válvulas.
Apesar de tanta inovação em termos de design e motor, o Tempra nasceu carburado por aqui, o que não deu muito certo. A Fiat até tentou lançar um modelo duas portas, para agradar o mercado nacional da época, mas um carro tão inovador não poderia vir com carburador em plena fase de surgimento da injeção eletrônica no Brasil. Portanto, com a concorrência acirrada pela GM ao oferecer o Monza com injeção MPFI na versão classic, bem como o lançamento do Omega, e também a evolução do VW Santana/Ford Versailles, a Fiat viu-se obrigada a rapidamente mexer no carro que havia recém lançado. Pouco mais de um ano após lançar um tímido Tempra 2.0 8v carburado, a Fiat resolveu dar um upgrade no Tempra, lançando o Tempra Ouro 16V em 1993.
O Tempra 16V foi um carro revolucionário para sua época. Primeiro carro nacional a possuir o conceito de multiválvulas, o Tempra 16V trazia muito mais do que um motor revolucionário. Ele também contava com injeção sequencial Magneti Marelli IAW-P8 nas versões entre 1993 a 1994, havia ganhado mais luxo, freios ABS opcionais, retrovisor fotocrômico, bancos elétricos em couro para motorista e passageiro, e podia bater de frente com o Omega, ainda que não fosse um carro pertencente à mesma classe.
Com o sucesso do Tempra 16V, foi aberto o caminho para a participação da Fiat no mercado de carros de luxo, o que lhe rendeu vários prêmios de revistas especializadas, dando-lhe motivação para lançar uma segunda “fase” do Tempra, com mais versões.
Segunda fase
O Tempra recebeu uma forte reestilização no começo de 1995 e começou a contar com três motorizações: 2.0 8v injeção SPI, 2.0 16V injeção MPI e 2.0 8v Turbo.
Os motores 16v passaram a ter a Injeção Semi-sequencial IAW G7 da Magneti Marelli, para suprir a demanda do mercado nacional, já que as vendas haviam subido e o módulo Sequencial P8 dos modelos 93/94 era importado da Itália. O motor 8v passou a ter injeção eletrônica também da série G7, dando uma nova vida ao motor 8v aspirado. Foram também lançados os Tempra Turbo e o Tempra SW. Ambos terão uma seção especial neste artigo.
No lançamento dos modelos 95, o painel foi totalmente remodelado e apresentava um design muito moderno para a época, sendo muito mais avançado do que o dos concorrentes. Este painel, inclusive, foi desenhado pela própria Fiat do Brasil e é exclusivo ao mercado Brasileiro.
Além do novo painel e novas injeções, o Tempra recebeu a opção de ar condicionado digital, alarme mais inteligente, vidros com recursos de subida com um toque e anti esmagamento, retrovisores elétricos, mais requinte no acabamento, como por exemplo: cortinas filtro solar e console central, entre muitas outras mudanças muitas vezes não visíveis que o deixaram mais moderno, como a troca do refrigerante usado no ar-condicionado, que passou do R12 para o R134a, até hoje usado pela indústria, conhecido popularmente como “gás ecológico”. Além disso, o Tempra possuia o Computador de bordo mais moderno do brasil naquela época, contando inclusive com aferição de consumo instantâneo e consumo médio, sensor de desgaste das pastilhas de freio, barras de proteção lateral e freios ABS.
1996: facelift
No fim de 1995 para 1996 o Tempra sofreu um facelift que mudou levemente sua aparência, melhorando a iluminação dos faróis, que era muito criticada. Ele também recebeu uma mudança no posicionamento do “cebolão”, resolvendo os famosos problemas de aquecimento que faziam com que os proprietários tivessem que fazer adaptações, os famosos “kit verão”. Em 1997, as versões mudaram para SX 8v e 16V, com rodas aro 14”, HLX 16V e Turbo Stile, com rodas aro 15” . Os modelos HLX 97 e Turbo Stile 97 são considerados os mais luxuosos já lançados.
1998: último modelo
Em 1998, o Tempra, já cansado após tantos anos de muitas vendas, ia dizendo Adeus e seria substituído pelo Fiat Marea. Para seu último ano, a Fiat deu sua última reestilização, alterando: parachoques, cores do interior, acabamentos externos e maçanetas. Também existiu no último modelo uma versão chamada “City”, dedicada aos Taxistas, com descontos especiais. Este foi o último modelo de Tempra lançado e teve pouquíssimas unidades vendidas.
Tempra Turbo e Tempra Turbo Stile
O 2.0 8v turbo usava o mesmo motor já consagrado das versões aspiradas, mas, desta vez, impulsionado por uma Turbina Garret T3/TA31 .42/.48 com 0.750bar de pressão e 165cv. Entretanto, em vez de utilizar a mesma injeção utilizada na Europa, a Fiat por sua vez, ao ver o fim da produção do Alfa Romeo 164 Turbo, resolveu utilizar a injeção Bosch Motronic 1.5.2 e seus componentes utilizados na Alfa 164 Turbo e equipou o Tempra Turbo no Brasil embora a melhor receita realmente seria ter vindo ao Brasil com a Injeção iaw p8. Na época a Fiat alegou que não era necessário equipar o Tempra Turbo com o cabeçote 16v por temer que o carro ficasse muito fora do propósito em que queriam.
Em 1995 a Fiat percebeu que não foi o melhor momento para lançar o Tempra 2 portas, seja aspirado ou turbo, já que o consumidor brasileiro se encantava com os modelos 4 portas, o eu antes era “luxo” aos mais ricos. Sendo assim a Fiat lançou o Tempra Turbo Stile, toda mecânica Turbo do modelo 2 portas em versão 4 portas, um sedan requintado com motor poderoso, onde por sua vez acabou concorrendo até mesmo com grandes carros da época de categoria superior.
O Tempra Turbo 2 portas foi crucial para a Fiat mostrar que realmente estava a procura de um novo mercado, além de ganhar um novo publico que se firmava a cada dia, o de sedans com um nível maior de requinte, queria também a esportividade, após o magnifico Uno Turbo que surpreendeu a todos, tornando o primeiro e único carro turbo da época, a Fiat lançava agora o único sedan turbo, além disso era o carro mais rápido do brasil e testado pela imprensa brasileira.
A procura da confiabilidade a Fiat não lhe entregou mais potencia e vendo seus irmãos com o mesmo motor na europa, tanto 8v como 16v vimos que o tempra turbo poderia render muito mais, mas como prova da confiabilidade e durabilidade de seu conjunto mecânico, revistas especializadas testavam o modelo e inclusive em um teste de resistência nos Estados Unidos, como carro escolhido pela quatro rodas e bravamente resistiu a toda a prova.
O carro era dócil em baixas rotações, mas ao estancar 3000rpm ele mudava por completo e era impulsionado pela turbina garret.
Interior renovado já do modelo 95/96 e com opção de ar condicionado digital automático com saídas de ar aos ocupantes traseiros através do console central e debaixo dos bancos, assim como retrovisor elétrico, computador de bordo, direção hidráulica, freios abs, sensores de desgaste de freios, entre outros requintes.
Sua suspensão foi recalibrada dando-lhe mais firmeza para a nova cavalaria e teve também sua distribuição de peso alterada comparando-se aos modelos 4 portas o que lhe rendeu críticas da imprensa em altas velocidades já que deixava sua traseira um pouco atrevida e seus pneus mereciam uma roda aro 15 que foi lançada apenas em 96/97 nos modelos HLX e Turbo Stile, este que foi o ultimo dos Turbos, já com o visual externo renovado, acompanhando assim o face-lift de 1996 a toda linha Tempra.
O Tempra Turbo teve vida curta no mercado, logo substituído pelo Tempra Stile versão turbo 4 portas, mas sem o visual arrojado do cupê e mais tarde em 1997 o Tempra Turbo Stile, com visual semelhante ao Tempra HLX por dentro e por fora mas com a mecânica Turbo já conhecida.